quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Dama da Lanterna








        QUEM FOI  A DAMA DA LANTERNA?

     Quando começamos a contar nos dedos os nomes conhecidos de pessoas que nasceram, viveram, ou tiveram de alguma forma, alguma ligação com Florença, sempre lembramos de artista, escritores e cientistas (geralmente nomes ligados ao Renascimento) como Michelangelo Buonaroti, Maquiavel, Dante Alighieri e Galileu Galilei. Mas, raramente lembramos daquela que leva Florença em seu nome: Florence Nightingale.
    Tá certo que a passagem de Florence pela sua cidade natal foi meteórica. E durante a vida ela aparentemente não teve nenhuma ligação com a cidade.

       Quem visita Florença hoje em dia tem poucas pistas da passagem de Florence Nightingale (ao contrário por exemplo, de Dante Alighieri ou Michelângelo, que estão por toda parte). Apenas um discreto memorial na Basílica di Santa Croce..





Memorial a Florence Nightingale na Basilica di Santa Croce em Florença. Uma "discreta" homenagem da cidade no  local onde estão os túmulos de Michelangelo, Dante, Maquiavel e Galileu.

Florence Nightingale era filha de um casal de ingleses, Edward e Fanny Nightingale. Ela nasceu prematura, quando o casal estava na Itália. Então, seus pais decidiram dar à ela o nome da cidade em que ela viu os primeiros raios de sol...Florença!!!!!


Cidade natal, que deu a Florence o seu nome de batismo, mas com a qual ela não teve nenhuma ligação posterior. Porém, o simples fato de ter nascido lá, já me faz sentir vontade de falar dela neste post.



      Florence é muito estudada na área de Enfermagem. Como eu fiz uma tese de doutorado em História sobre um hospital psiquiátrico, já havia visto alguns artigos sobre ela. Florence é tida como uma das figuras que ajudou a sistematizar a Enfermagem, dando-lhe uma roupagem mais científica, pois a enfermagem até então era tida como um ramo do altruísmo e da filantropia, não sendo sequer considerada um ramo da Saúde.

    Mas o papel de Florence Nightgale foi predominante durante a Guerra da Criméia. Foi nesta época que Florence recebeu o seu apelido de “A Dama da Lanterna”, segundo relatos, porque ela carregava uma lanterna durante o seus cuidados aos doentes e mutilados.

    A história dessa mulher é muito foda. Há pessoas que parecem que surgiram nesse mundo e tiveram sua passagem por aqui só para cumprir uma espécie de missão ou algo maior. 





    O interessante é que Florence deixou uma série de cartas e registros escritos e bem documentados que permitem conhecer um pouco mais da sua vida e da sua atuação, principalmente na Guerra da Criméia.
Grande parte do que ela escreveu, foi compilado num livro chamado Notes on Nursing, publicado em Londres em 1861. 



 Parte I
"FLORENCE EM FLORENÇA":
O NASCIMENTO DE FLORENCE NIGHTINGALE

 Fanny Nightingale estava em Florença em 1820 quando entrou em trabalho de parto. Os Nightingale tinham uma vida confortável. Quando Florence nasceu, o casal estava na Itália. Seu nome é Florença em inglês. A filha mais velha do casal também nasceu na Itália, e recebeu o nome de Parthenope Nightingale, porque nasceu em Nápoles (era o nome original desta cidade, em grego).

A INFÂNCIA EM EMBREY PARK

    Florence Nightingale teve uma infância privilegiada. Seus pais tinham uma situação financeira muito boa e puderam lhe dar tudo que precisava. Sua educação foi impecável. Estudou idiomas, filosofia, literatura, teologia. Na juventude, teve uma certa atração pela área das ciências exatas e chegou até mesmo a lecionar Matemática. Toda a sua infância e juventude foi tranquila, ela passou aqueles anos na Inglaterra, na propriedade de Embrey Park.
O problema é que Florence estava sendo preparada para um papel o qual não se encaixava, sentia-se num mundo estranho. Já na adolescência demonstrou seu caráter intempestivo, rebelou-se contra o papel que se esperava de uma mulher de sua classe social: não iria casar-se com um rico de uma família tradicional inglesa...jogou bosta ventilador!

Florence tinha outros planos para sua vida....

“MAMÃE,QUERO SER ENFERMEIRA!!!”

 Em 1837, aos dezessete anos, disse que recebeu uma luz, um sinal, ouviu a voz de Deus. decidiu tornar-se enfermeira.
Fanny e Edward Nightingale quase tiveram um treco. O trabalho de enfermeira no século XIX não era devidamente reconhecido. Ou bem as enfermeiras eram ajudantes em hospitais e casas de caridade, depósitos de mendigos, workhouses, etc Ou bem elas iam atrás dos exércitos, servindo também como cozinheiras. Era comum, no segundo caso, prostitutas acompanharem os soldados, atraídas pelo pouco que se oferecia para esta profissão, contribuindo ainda mais para a “má fama” das enfermeiras. Além de habilidades técnicas bastante grosseiras, muitas enfermeiras tinham uma conduta moral considerada inadequada para a época, elas bebiam, roubava, viviam em desleixo, etc.

Não é de se esperar que papai e mamãe Nightingale dessem o maior apoio para a escolha da filhota rebelde:  algumas profissões, ainda hoje em dia, despertam esse tipo de sentimento nos pais mais zelosos. Experimente (se você ainda está na época da escolha de uma carreira), dizer em casa que você quer fazer teatro, cinema, balé, ou algo assim... imagina isso no século XIX.


Dizem que a mãe de Florence chegou a arrancar os cabelos de ódio e chamar a filha de tudo que é nome...e eu fico imaginando que se hoje temos uma visão diferente das enfermeiras (quase similares às santas ou freiras) é, em grande parte, ao trabalho de Florence Nightigale. E eu tento  imaginar como seria isso: a notícia "vou  ser enfermeira" para aquelas famílias da época vitoriana, talvez fosse a mesma coisa que uma garota que diz que quer ser bailarina de funk carioca!

Imagine que os pais de Florence já tinham ficados malucos de desgosto quando a filhota deles resolveu lecionar matemática: mas que Matemática!! Uma mulher no século XIX tinha que aprender a ser prendada e boa esposa, isso sim! Fazer tricô, aprender a dançar valsa..sonhar que um dia um belo cavalheiro inglês lhe pediria em casamento e a levaria para um belo casarão, onde viveria o resto da sua vida, cuidando do marido e dos filhos..esse era o papel que uma jovem inglesa da era vitoriana aspirava.
Mas Florence tinha especial vocação altruísta. Em 1844, Quando um mendigo morreu em uma enfermaria em Londres, Florence teve um papel ativo para que o caso ganhasse grande repercussão na época. Tanto que surtiu efeito, o Conselho da Administração da  Lei dos Pobres, presidido por Charles Villers,  imediatamente inquiriu sobre o caso e determinou a melhoria das condições de tratamento nas enfermarias inglesas.
Alguns anos mais tarde, Florence, após interessar-se pela carreira de enfermeira, começou a estudar a área, sendo auto-didata. A família se opunha fortemente à ideia de Florence de trabalhar em um hospital em Londres para ganhar experiência. O máximo que Florence fazia, para acalmar um pouco a ansiedade, era cuidar dos membros da família e conhecidos que ficavam doentes, coisas pequenas.

Em 1846 fez um acordo com os pais. Ela era bem crescidinha e já sabia o que queria, que eles deixassem ir sozinha para a Alemanha, e ela prometeria que nunca ia tocar no assunto com ninguém. Assim a família se veria livre da desonra de ter no seu seio uma pessoa que escolheu uma profissão tão mal falada. Não sei como ela conseguiu convencer os pais, mais eis que naquele ano, quando ninguém imaginava, ela estava fazendo suas malas para trabalhar em Kayserwerth, perto de Dusseldorf,  na Alemanha.

O APRENDIZADO EM KAYSERWERTH

      Florence ainda era uma jovem altruísta, menina rica de bom coração e poderia muito bem sentar o seu traseiro numa almofada e esperar por um belo cavalheiro chegando num cavalo branco. Mas ela arregaçou as mangas e foi direto para a Alemanha, em Kayserwerth, sozinha. Imagine naquela época uma mulher ainda na flor da idade, cortejada, certamente pois era bonita, largar toda a boa vida em busca de uma coisa que ela sentia ser mais importante, uma coisa a qual ninguém entendia.

      Naquela época, o hospital Kayserwerth era administrado por Theodor Flidner. O cuidado dos enfermos ficava por conta da Ordem das Diaconistas Luteranas. O  hospital administrado por Flidner abria espaço para jovens garotas que tinham interesse em aprender o ofício de enfermeira: caiu como uma luva para as intenções da jovem inglesa. Florence ficou admirada com a forma com que elas cuidavam dos doentes e necessitados.
Kayserwerth na Alemanha, onde F. Nightingale teve sua primeira formação em Enfermagem




     Em Kayserwerth Florence teve o seu primeiro contato com o cotidiano de um hospital, se não abandonou a coisa, é porque acho que ali ela sentiu que isso realmente fazia sentido para a vida dela.
Jovens no curso de Enfermagem de Kayserwerth, Alemanha


AS FREIRAS DO HOTEL-DIEU

    Em 1849, durante uma viagem ao Egito, Florence teve uma ideia visitar e conhecer diferentes sistemas de atendimento hospitalar. Foi com esse objetivo que Florence permaneceu durante um curto período de tempo no Hotel-Dieu de Paris.



Hotel Dieu em Paris

      Para quem não sabe, o Hotel-Dieu é o hospital mais antigo de Paris. Ele fica praticamente coladinho com a Catedral de Notre-Dame, na parte de Paris que ainda conserva seus traços medievais, a Ille della Citè. Este hospital antigo é também um dos pioneiros no cuidado e tratamento dos doentes e inválidos. As freiras de São Vicente de Paulo faziam um trabalho exemplar de cuidado dos necessitados em Paris.  Foi em Paris, onde Luise de Maurillac desde o século XII empregava técnicas assistenciais, que Florence aprendeu certos “macetes” do metier. 


As irmãs de São Vicente de Paulo confortando os doentes no Hotel Dieu
      O regulamento das Irmãs de Caridade que eram aplicados no Hotel-Dieu de Paris serviam como modelo para a ação das enfermarias em vários hospitais franceses. No Hotel-Dieu, Florence aprendeu algumas regras do trabalho assistencial, fazia anotações, fez gráficos, estatísticas (ela era excelente matemática e sua área preferia era a Estatística), aplicou questionários. Ela chegou a vestir o hábito das freiras de São Vicente de Paulo, e seguir as mesmas regras só para sentir um pouquinho do gostinho do que é ser uma freira de caridade. Ela seguia toda a rotina das irmãs de São Vicente de Paulo,  apenas residindo em uma casa separada delas, mas vivenciando profundamente o seu cotidiano.

     A experiência no Hotel-Dieu, um dos maiores hospitais da França, um dos mais antigos e tradicionais da Europa, lhe rendeu uma ótima experiência, e estudiosa como ela era, começou a fazer anotações sobre o que poderia ser melhorado, Florence começou a ter a partir dessa vivência com o cotidiano de um hospital, algumas ideias que empregaria mais tarde, na Criméia.

     Voltando à Londres, em 1853, Florence conseguiu um cargo de superintendente na “Care of Sick Gentlewomen” – Assistência às Senhoras Enfermas. Seu pai lhe mandava uma renda anual  de 500£, que naquela época lhe garantia uma vida bastante tranquila para seguir o seu ideal. Por isso, Florence recusou-se a receber qualquer tipo de gratificação, trabalhando de forma voluntária, feliz de estar exercendo a sua vocação e seguir a carreira que escolheu.
Mas Florence exerceu este trabalho por apenas um ano, entre 1853 e 1854. No ano seguinte Florence teve uma atuação marcante durante a Guerra da Crimeia.


Parte II

 DURANTE A GUERRA DA CRIMEIA


     A Guerra da Criméia começou em 1853, ano em que Florence recebeu o papel de superintendência na Assistência das Senhoras Enfermas em Londres. Nesta época, eclodiu a Guerra da Criméia, a Gra-Bretanha lutava junto com os aliados franceses na Turquia, contra a invasão dos Russos.



Ficheiro:Fall of Sevastopol.jpg


     Um ano depois, os relatórios que chegavam dos campos de batalha eram alarmantes. Milhares de soldados morriam devido a mutilações, doenças e condições precárias.

File:Panorama dentro.JPG


      Desde 1839,  já havia na França um serviço de Irmãs de Caridade nos hospitais militares. Quando explodiu a Guerra da Criméia, a França enviou essas irmãs para a Turquia.
Mas o mesmo não acontecia na Inglaterra, ela  estava completamente despreparada para lidar com esse problema e não havia um grupo de enfermeiras trabalhando em hospitais militares.

    Um artigo no jornal The Times chamou a atenção. Após fazer uma longa situação sobre as condições dos soltados na Criméia, faz um alerta: “Por quê não temos Irmãs de Caridade?”O Ministro da Guerra, que conhecia os Nightingale, respondeu que em toda a Grã-Bretanha, conhecia apenas uma única pessoa para esta empreitada: Florence Nightingale.

      O CUIDADO DOS SOLDADOS NO CAMPO DE SCURATI


     Naquele ano, 1854, Florence Nightingale já tinha uma boa experiência como enfermeira. Ela voluntariou-se para ir até a região da Criméia na Turquia, e com a influência do Ministro da Guerra, conseguiu montar uma equipe com 38 enfermeiras. Florence e sua equipe foram enviadas para organizar o posto de Scurati, onde havia um hospital militar,  em 5 de novembro de 1854.

A equipe de Florence Nightingale e 38 enfermeiras anglicanas e católicas enviadas para a o hospital militar de Scurati durante a Guerra da Criméia

      Ela levou consigo 38 enfermeiras para Scurati, entre elas haviam enfermeiras anglicanas e católicas. No hospital militar de Scurati na Criméia haviam mais de 4000 mil soldados, e a mortalidade chegava aos 50%.
Florence Nightingale foi incumbida de organizar o serviço de assistência neste hospital. Nisso contou muito a sua experiência em Kayserwerth e no Hotel-Dieu em Paris, onde ela já havia aplicado questionários, feito apontamentos, participado do cotidiano hospitalar.

      A situação no hospital militar de Scurati não era das melhores. Ela encontrou resistência dos oficiais, o desprezo e o descrédito dos médicos, a desconfiança dos enfermos. Viu os doentes mal tratados, a falta de recursos, remédios, os médicos sobrecarregados...Havia ainda todo tipo de doença como febre, tifo e desinteria, além dos ferimentos de guerra. Como em qualquer ambiente como este, era mais comum ele morrer em um leito hospitalar do que sobreviver..a morte na cama de um hospital era quase tão certa quanto com uma baioneta no pescoço.

     Mas Florence impôs um forte espírito de liderança. Acompanhada de apenas 38 enfermeira, sua missão era cuidar de um hospital com mais de 4.000 soldados enfermos.

     AS REFORMAS DE FLORENCE


   Uma das primeiras coisas que Florence fez foi modificar a conduta das enfermeiras. Como havíamos dito no início, a figura da enfermeira não tinha uma boa imagem na sociedade no século XIX, geralmente estava ligada a técnicas grosseiras de atendimentos médicos, atividades precárias, além de conduta consideradas imorais, roubos, promiscuidade, desleixo e até mesmo prostituição.

    Assim, a experiência anterior na França e na Alemanha serviu para Nightingale estruturar um novo modelo de assistência. Primeiramente era exigido uma forte conduta moral das enfermeiras, inibindo qualquer traço de sexualidade ou que estivesse em desacordo com um padrão de postura exigido. Nightingale também valorizou a religiosidade, embora comandasse um grupo de enfermeiras católicas e anglicanas, enfatizou o papel da Fé no cuidado com os doentes. Com isso, Nightingale conseguiu eliminar aquela imagem que se tinha das enfermeiras no século XIX, impondo e exigindo das enfermeiras em Scurati, um comportamento moral exemplar.

    Outra parte do problema vinha das condições sanitárias em Scurati. No primeiro ano de Nightingale na Turquia, a situação não melhorou, pelo contrário, no primeiro ano morreram mais de 4000 soldados naquele hospital militar. Os esgotos estavam em péssimas condições e os quartos mal ventilados. Alguns meses após a chegada de Florence, houve uma comissão sanitária que investigou as condições de salubridade e conseguiu algumas melhorias, que surtiram algum efeito.


Objetos de F. Nightingale



Memórias de F. Nightingale em 1857, durante a Guerra da Criméia

    Deu certo, apesar das resistências iniciais dos médicos e até mesmo dos soldados, pouco a pouco a figura de Nightingale começou a ser respeitada. 

       UMA LUZ NO ESCURO - A DAMA DA LANTERNA


      Foi nessa época que Nightingale recebeu o apelido de “Dama da Lanterna”, pois no seu cuidado noturno e nas suas vigílias pelo hospital militar em Scurati, levava sempre uma lamparina. 

    Muitos soldados relatavam que a própria visão de Nightingale naquela ambiente de dor e sofrimento era uma espécie de alívio, seu rosto e seus cuidados traziam esperança para os enfermos e convalescentes. Nas horas de maior dor e desespero, com pessoas mutiladas, sofrendo, agonizadas, a figura de Nightingale era como a de um anjo...








    Claro que em alguns momentos, há uma espécie de beatificação de F. Nightingale. Mas faz parte né..?quem faz tudo isso literalmente está em um outro plano, deve ser santa, pois a maioria de nós não mexe um dedo...

     Então, que deixem santificá-la, beatifica-la...

     Quando eu vejo uma imagem como esta, de Florence Nightingale cuidando de um enfermo, eu sempre me lembro que há um momento na vida, em que o indivíduo, aquela vida particular deixou de existir e o que emerge é simplesmente uma vida. Neste momento não temos um indivíduo singular, este deixou de existir há muito tempo. Neste momento, ha uma espécie de beatitude na morte em que o que existe é apenas o jogo da Vida jogando com a Morte, nada mais. Uma vida impessoal, homo tantum.






      Nesse tempo a frente do serviço da assistência aos soldados no campo de Scurati, Florence manteve um minucioso trabalho estatístico. Quando ela chegou no hospital, a mortalidade chegava aos 50%. Essa taxa foi diminuindo lentamente, e foi baixando até chegar a 2,2% apenas!!!!!


    Em 1846 Florence contraiu tifo, e sua permanência na Guerra da Criméia tornou-se um risco.
    Florence deixou a Turquia em 1847 e retornou à Inglaterra.

     A VOLTA PARA CASA

     O belo trabalho em Scurati durante a Guerra da Crimeia rendeu o reconhecimento público de Florence Nightingale. Aquela menina que desafiou os pais e os costumes da época ao decidir seguir a carreira de enfermeira, voltou para casa como uma heroína. Reconhecida pelos oficiais, militares e médicos e sobretudo por aqueles que receberam seus cuidados, Florence Nightinga voltou para casa laureada.
   Mas a experiência traumatizante na Guerra da Criméia a deixou extremamente desorientada. Ela ficou adoecida por vários. Enfim recuperou-se da tifo que a retirou do campo de batalha.
Impossibilitada de exercer suas funções devido a sua fragilidade, Florence fundou uma escola de Enfermagem em Londres, a Escola Nightingale. Mais tarde ela recebeu uma Cruz Vermelha da própria rainha Vitória.
     Hoje o papel de Florence na Guerra da Criméia, das modificações que fez no cuidado dos doentes, e nos ensinamentos sobre o ofício na sua escola de enfermagem em Londres, faz com que ela seja reconhecida como uma espécie de fundadora da Enfermagem como disciplina científica. Antes dela, o cuidado dos doentes estava atrelado especialmente ao papel do altruísmo e caridade. Com sua vivência em diferentes hospitais na Alemanha e na França, Nightingale desenvolveu uma série de técnicas e procedimentos que fazem parte hoje em dia dos princípios básicos da enfermagem moderna. Hoje em dia o dia 12 de maio é considerado o Nurse Day, exatamente no aniversário de Florence Nightingale.

     VOOU PARA LONGE...DE FLORENÇA!!

    Florence nunca mais voltou para a cidade que lhe deu o nome. Aquela cidade em que ela nasceu por acaso, e que os pais orgulhosos deram o  nome de nascimento, nunca mais apareceu como um dado relevante em sua biografia. Florença foi apenas o lugar em que Florence Nightingale nasceu. Mas talvez seja assim, às vezes, é preciso voar para longe do ninho para que as asas cresçam no rouxinol, para que ele consiga voar plenamente...


     Nightingale enfrentou tudo, desafiou os pais, enfrentou o preconceito de escolher uma profissão vista com descrédito, enfrentou os oficiais, médicos..
     Não é pouca coisa...Florença e Florence, duas pontas que se unem  em um instante ínfimo, para depois separar-se. Não importa que quando lembramos dos filhos de Florença, certamente não coloquemos o nome de Florence Nighingale. Naquela galeria ilustre de cientistas, poetas e artistas, a Dama da Lanterna ocupa o posto mais digno de todos. 



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