terça-feira, 18 de setembro de 2012

"Pé na Bota": Viagem à Italia: o início


























A VIAGEM NUNCA ACABA....

Quem começa a viajar não quer mais parar. Quando terminamos uma viagem e pensamos “pronto, já vi tudo que tinha que ser visto”, sabemos que no fundo isso não é verdade. O fim de uma viagem sempre é o começo de outra. E Saramago estava certo quando dizia que a viagem nunca acaba, mas apenas o viajante..


 No fundo, Les Voyageurs de Bruno Catalano é o que melhor expressa isso: o viajante é, por definição, incompleto. Há zonas de vazio, de silêncio. Quando ele parte, ele deixa um pouco de si. E quando recomeça, sempre há uma expectativa, algo a ser feito, algo que ele não conhece, algo de si que espera para ser compreendido, feito, preenchido: ele quer ver uma paisagem, um lugar, um movimento...Assim, o viajante está sempre em trânsito....e sempre se sente incompleto, como o “canto das sereias”, que na verdade, segundo Maurice Blanchot, é uma promessa de um canto, um canto ainda por vir,  que nunca se concretiza...
"Les Voyageurs" - Bruno Catalano




Foi mesmo um périplo. Uma viagem cheia de emoções. Chegar de uma viagem é o momento em que as emoções se misturam: aquele cansaço, aquela saudade, aquela vontade de ter ficado por lá....É hora então de processar as idéias, e tentar transformar a experiência em narrativa..relatar o que sentiu e viveu, e tentar transportar tudo para o texto...A viagem "cresce" dentro de você. Depois que você volta, você nunca mais é o mesmo, aquele lugarzinho, aquele sonho, aquele sabor, já faz parte de você....então, que venham muitas viagens!!!!





COMO TUDO COMEÇOU...

Há dois anos, quando eu voltava de Paris, eu já sentia aquele gostinho de “o que vou fazer agora”? E antes mesmo de saber para “onde” eu iria à seguir, eu já começava a pensar “quando”?. Meu projeto seria conhecer um lugar diferente à cada dois anos.





 E agora, em 2012, começo uma nova série de posts sobre a minha viagem na Itália.


Não poderia ser diferente: meu objetivo não é ser um guia de viagem. E apesar de tentar dar algumas dicas, esses textos se ligam mais à idéia de uma tradição de travelogues e uma certa "literatura de viagem". (penso nas viagens de formação do Grand Tour, ou no relato dos viajantes que foram para a Europa, quando surgiram os primeiros transatlânticos). Seria, de toda forma, uma espécie de “viagem pitoresca” às avessas. Tentei dar ao meu texto uma visão de estranhamento, aquele velho jogo de tornar familiar o que é estranho, e estranho o que é familiar...

PLANEJANDO O ROTEIRO



Há dois anos, eu pensava numa viagem bem maior. Grécia, Turquia e Itália seriam minhas escolhas. Meu roteiro imaginário incluia uma viagem de cruzeiro pelas ilhas de Santorini, Patmos e Creta. 
Ah...Como foi difícil abdicar desses lugares!!Quando o roteiro começou a ficar grande demais, eu não sabia o que cortar. Uma vez que você coloca na cabeça que você quer ir para aquele lugar, é muito difícil você renunciar àquilo.


E foi assim..no final de 2011, eu já tinha decido que por falta de tempo, eu ficaria só na Itália(meu roteiro original implicaria em quase um mês de viagem, coisa impossível para um trabalhador assalariado). Só na Itália.
Então começou a parte divertida: a elaboração do roteiro.  Eu acho que esse momento em que você começa a formar a viagem "na sua cabeça" uma parte muito importante do projeto. É quando você começa a gostar de pequenas coisas que ninguém presta atenção.
Primeiro eu queria fazer de Roma meu QG e de lá conhecer outras cidades. Ir por exemplo, de Roma até Veneza e voltar. Mas, conversando com a minha amiga Ana Luisa, surgiu a sugestão de descer no norte da Itália, em Milão, e ir descendo a bota. Percorrendo a Itália de trem. Essa segunda opção foi a mais pé-no-chão e eu a mantive até o final. 

Assim, um ano depois, eu já tinha meu roteiro pronto. Uma viagem que incluiria: Milão, Veneza, Florença, Pisa, Lucca, San Gimignano, Roma, Napoles e Pompéia.(Lá na Itália, eu ainda tive tempo para fazer um passeio pelas ilhas de Murano, Burano e Torcello perto de Veneza e também uma esticadinha até Siena - embora para fazer isso tenha tido que renunciar a outras coisas: você perde aqui, ganha ali). E esse foi o meu roteiro final.



 No começo de 2012 eu começei a pesquisar os preços.


















Em janeiro de 2012 eu fechei o pacote. Eu fechei com a agência somente as passagens aéreas e a reserva dos hoteis, o resto seria por minha conta. Eu tinha mais oito meses para organizar tudo, até o dia da viagem.

JUNTANDO O DINHEIRO...

Parece trivial, mas para começar a sonhar com uma viagem, é preciso fazer suas economias. A pergunta que todo mundo faz é: é possível, para quem trabalha, tem contas, e ainda sobra algum trocado pra fazer uma viagem? Eu digo que sim, mas não é fácil. É preciso ter força de vontade e organização para dar tudo certo. Primeiro porque o custo total do pacote de viagem é só uma parte do que você vai gastar nela. Pois depois que você reservou as passagens e o hotel, ainda precisa de dinheiro para viajar de trem, comer, pegar metrô, ônibus, comprar ingressos, ir em restaurantes, museus, comprar souvenires, etc



Eu fazia assim: eu pensava que a viagem era mais uma conta para pagar. Assim todo mês eu tinha uma quantidade certa, que eu ia guardando numa poupança. Quando passou um ano, eu já tinha o suficiente para “começar” a brincadeira...mas o caminho pela frente ainda era muito grande...havia muito chão ainda. Não tem como ser diferente, juntando aos poucos, você consegue. Mas você tem que querer, e tem que ter isso como prioridade. Se você tem outros projetos de vida, outras necessidades, mais urgentes, esqueça...isso sempre vai ficar para depois...Mas pense que você merece mais uma viagem do que um carro novo ou uma roupa de grife...no final, a viagem é o único investimento que vale a pena. Quem viaja sai da rotina, conhece outra cultura, outros lugares..abre seus horizontes. Uma viagem nunca é trivial.

OS PREPARATIVOS

Parece muito tempo. Mas o meu projeto de viajar a cada dois anos é algo bem viável. Em dois anos você consegue se planejar bem, organizar seu roteiro e tem tempo para fazer os preparativos. Uma viagem é muito mais do que organizar um roteiro. Quem por exemplo, não viaja, dificilmente iria se preocupar em saber qual é o tipo de tomada elétrica que se usa naquele país, como tem que fazer para sair do aeroporto até chegar no hotel, como são os transportes, alimentação...tudo isso, demanda tempo, pesquisa. Quando você vê, dois anos passam rapidinho, sabia?
E tem outro motivo: alguém que viaja sozinho, só com a mochila nas costas e a mala de rodinhas, sem ninguém, dispensando pacotes turísticos de agências, excursões e traslados, precisa de um tempo maior para organizar tudo. Afinal, quando você está lá, é por você, por sua conta própria. Ninguém vai ter que te ajudar. Vale a pena então, gastar horas pesquisando esses detalhes, saber como se pede esta ou aquela informação, ficar literalmente “viajando” virtualmente com as facilidades do Google Street View.





Se você tem uma viagem preparada, quando você está lá, na viagem real, é tudo muito mais fácil. Você está num país diferente, quanto menos chance você der para o improviso, melhor você aproveita tudo.
Então fica a dica, leia, estude, pesquise, olha mapas, faça trajetos virtuais, use muito o Google Street View, leia blogues de viagens, travelogues, guias de viagem (os da Folha de São Paulo são bem bacanas), etc.


 A ESCOLHA DOS HOTEIS

Outra etapa do projeto é a escolha dos hotéis. Na Itália, mesmo os hotéis mais simples e baratos são limpos e  tem os confortos básicos. Assim, se você não está pensando em uma hospedagem num nível mais elevado, um hotel de 3 estrelas vai suprir suas necessidades.

Então, aqui vai algumas dicas pra você pensar:

* Cidades como Milão e Veneza costumam ser mais caras.

*Os hotéis na Europa, geralmente tem uma aparência de "velho", pois são construídos em casarões que tem muitas vezes até alguns séculos de existência. As comodidades modernas  foram posteriormente inseridas, como elevadores e ar condicionado. Então, os quartos são meio esquisitos mesmo.

*Eu optei por priorizar a localização dos hotéis. Como eu estava sempre em trânsito, eu tinha que optar pela agilidade da localização: mal eu saia da estação e já encontrava o hotel. Isto foi muito importante para o andamento da viagem. Por exemplo, em Veneza, o hotel ficava exatamente do outro lado do Canal - da Estação Santa Lucia já dava pra visualizar aquela fachada rosa; em Florença, o hotel ficava a meio caminho entre o Duomo e a estação Santa Maria Nuovella, então, praticamente perfeito; e em Roma, o Hotel ficava numa rua paralela ao Termini, de onde saía tanto as duas linhas de metrô quanto as linhas de trem regionais, alta velocitá (Euro Star) e os comboios internacionais. Então, a minha prioridade foi a localização. E é importante que você pesquise isso antes de saber onde você vai ficar. Alguns hotéis são mais baratos, mas o tempo que você leva de lá para ir para os lugares que você quer visitar, às vezes não compensa. Isso acontece muito em Veneza. Geralmente querem te empurrar um hotel em Veneza-Mestre; que são muito baratos, mas ficam na parte continental de Veneza, e para chegar na Pizza di San Marco, precisa pegar um ônibus e um vaporeto.


*Outra coisa importante é que os hotéis na Itália cobram uma taxa de serviço, que é paga na hora do check-in. Essa taxa é calculada sobre o número de dias que você vai ficar. Geralmente fica em torno de 4 a 7 euros por dia.


* O café-da-manhã na Itália é chamado de colazione. Qualquer café-da-manhã na Europa é relativamente mais frugal do que uma simples pousada aqui no Brasil. Na França, o café na verdade se restringia a um café, um suco e um croyssant. Na Itália o café é mais bem servido que na França, tem sempre iogurte, uma boa variedade de pães e croyssants, queijos, frutas, tem sempre uma compota de pêssego que eu provei em todos os hotéis, etc. Apesar de na Itália haver uma grande quantidade de blends, no hotel geralmente é servido o "café americano", ou seja, o nosso cafezinho com uma jarrinha de leite à parte. Uma ou outra vez você vê algum lugar que serve também o cappuccino, que é também diferente do cappuccino que tomamos aqui. (vou explicar isso num post).







Mas alguns hotéis não incluem a colazione na diária do hotel, devendo ser paga à parte.Se isso acontecer, eu sugiro que você experimente o café no primeiro dia, e se não gostar, não tenha pudor em comunicar ao hotel que nos próximos dias não vai querer a colazione. Faça o seguinte se não gostar, de manhã bem cedinho saia na rua, você vai sentir o cherinho dos cafés...entre na primeira portinha e peça um café (vorrei un café!!!, per favore!). Ou entre numa pattisceria, qualquer uma na Itália vai ter uma enorme quantidade de doces, pães, tortas e bolos.


*E nos hotéis na Europa dificilmente você vai encontrar um chuveiro. Os europeus costuma tomar o banho com uma ducha. Felizmente na Itália a ducha estava num suporte que dava para regular a altura. Isso permitia que você usasse a ducha como uma espécie de chuveiro. :P .




Mas eu tinha um pouco de claustrofobia naqueles box do banheiro, pequenos demais, apertados, mal dava para entrar ou sair...







*Os hotéis na Europa também quase sempre tem um secador na parede, que está embutido e é ligado por um fio no estilo daqueles dos telefones antigos sabe? 








As vezes, até o shampoo era nesse esquema, pendurado:




*Alguns toilettes na Itália possuem pedais, com os quais você aciona a torneira ou a descarga sem precisar usar as mãos.










E se você fizer merda no banheiro (não literalmente, é claro: por exemplo, escorregar no box) , em alguns hotéis tem uma cordinha de emergência:


*Você vai reparar ao chegar que no banheiro você sempre vai encontrar copos de plásticos. Eu sempre tive vergonha de parecer jacú e perguntar se dava pra beber (eu bebia água do banheiro mesmo) ou se o copo era só pra fazer o gargarejo hehehehe.. E lá na Itália foi a primeira vez que alguém explicou que pode sim, pode beber água da torneira do banheiro, que é potável.






E apenas em Roma, no banheiro havia uma espécie de kit de sobrevivência com agulha, linha e uns botões de camisa de dois ou três tipos...será que é útil??? (eu não precisei)





Quando você for embora, se você precisar ainda fazer algum passeio, pode fazer o check-out e pedir pra deixar a bagagem no hotel. Geralmente eles fazem isso numa boa. Os hotéis já tem um quartinho, um guarda volume (aliás, guarda-volume lá é guarda-roba). O lugar onde você deixa a mala também pode ser chamado de deposito bagagli (e além do hotel, que é gratuíto, você também pode encontrar esse serviço na maioria das grandes estações de trem italianas como Termini. Milano Centrale, Veneza Santa Lucia, etc)





Hotel Ibis, Milão:










Hotel Canal, Veneza:



Hotel Bonciani, Florença:


Hotel Kennedy, Roma:




Ah..sempre que você for partir. Não se esqueça de olhar se não deixou nada na escrivaninha.

O DOSSIÊ

Eu sou o tipo de pessoa que gosta de planejar tudo. Onde vou ficar, que lugar eu vou comer, que museus vou visitar, como vou me locomover na cidade. Com o tempo, eu adquiri o hábito de ir montando um “dossiê” durante o período de preparação da viagem.
O dossiê começa do mais trivial: primeiro você faz uma lista das coisas que você quer ver em cada cidade, partindo sempre dos mais clichês (por exemplo: Roma: Coliseo, Forum, Fontana de Trevi, Piazza di Spagna, etc). Para cada lugar que você lembrou, coloque uma foto deste lugar (mesmo que você já esteja farto de saber como é, como a Torre Eiffel por exemplo), pois isso ajuda a reforçar o que você quer fazer lá. Quando você tiver o primeiro esboço, vai perceber que muitas coisas podem ser vistas num único dia, aproximando os lugares a serem conhecidos por regiões que você vai estar naquele dia na cidade. As vezes passando por uma rua, você vai estar pertinho de outro ponto...






Depois recheie o seu dossiê com informações adicionais como uma fonte, um monumento, comidas típicas e tradicionais, dicas de outras pessoas, coisas que você vai descobrindo aos poucos. No fim, você vai ter um dossiê bem completo. Será o seu ponto de partida quando a viagem começar.


Fontes de Roma
Depois de fazer esse dossiê, eu organizei um "roteiro dia-a-dia", mais curto, contendo o que eu deveria fazer em cada dia, o passo a passo da viagem. 

No final de cada dia eu me reorganizava, e colocava o que eu consegui fazer e oque eu não consegui...e também o nível de satisfação que eu tinha obtido naquele dia, levando em conta a expectativa que eu tinha daquele lugar (e posso te dizer que na Itália, quase tudo ficou bem alto):







No meio da viagem, várias vezes eu consultava ou readequava o dossiê, segundo minhas necessidades. Como nesta vez, voltando de trem de Nápoles para Roma à noite:








EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

Hoje em dia estamos conectados o tempo todo, e é normal que quando a gente vai viajar, levemos conosco uma grande parafernalha de eletrônicos. Uma coisa que é importante é organizar a parafernalha de fios e cabos que você leva junto com os celulares, câmeras, laptops, tablets, etc...É uma coisa bem chatinha de organizar. Mas na internet você encontra uns organizadores de fios, etc. que são bem práticos. Uma dica é: sabe quando você compra um produto eletrônico e tudo vem guardado em caixinhas de isopor, papelão ou sacos de plástico. Guarde alguns, são excelentes para organizar os fios dos eletrônicos.
 
E não se esqueça de pesquisar qual é o tipo de buraco que tem na tomada do país que você vai. Na Italia as tomas geralmente tem três pinos em linha (ligeiramente diferentes do novo padrão de tomadas que temos agora no Brasil); mas se você tem aqueles produtos com dois pinos redondos, encaixa perfeitamente. Um “Tê”  do tipo "benjamin" ou adaptador universal também vai ajudar sua vida:



 





  

CÂMERAS FOTOGRÁFICAS

Dentro do grupo de eletrônicos, merece destaque especial para as câmeras. Afinal é com elas que você vai registrar aqueles momentos inesquecíveis porque você passou.
Na primeira viagem eu levei apenas uma câmera de celular e uma máquina no estilo point-and-shoot na Fuji. Mas eu senti, retrospectivamente, que muitas fotos que eu tirei no calor do momento, não estava à altura daquilo que eu vivenciei naquela hora. A minha memória conservava uma imagem, cores e sensações muito diferentes das que eu via na fotografia que eu havia tirado. Por exemplo, quando você está no alto da Torre Montparnasse em Paris, e tem uma visão panorâmica da cidade, vendo a cidade se iluminar, é lindo. Porém, as fotos que eu tirei registraram apenas uma massa cinzenta de prédios e terraços com pareces descascadas. Aquelas luzes e cores que eu havia visto, em suas sutilezas haviam se perdido.

Então parte do meu projeto viagem-2012 consistia em guardar dinheiro para comprar uma boa câmera DSLR. Entre as melhores estão a da Nikon e as da Canon. O modelo que eu escolhi foi a Nikon d90, meu brinquedinho. Num futuro próximo quero comprar lentes melhores..mas esse tipo de equipamento precisa de investimento, pois não é lá muito barato, não. (algumas lentes são mais caras do que o próprio corpo da câmera)





Agora devidamente equipado, na Itália eu usei as duas máquinas. A DSLR eu usava em locais onde havia mais segurança, quando você poderia usar a máquina com calma, acertando a abertura do diafragma, o iso, a velocidade do obturador, etc. coisas que tornam a fotografia muito mais interessante. Mas em locais como estações de trêm, ruas escuras ou lugares mal encarados, eu sacava minha point-and-shoot portátil e simplesmente apontava e clicava. Disso resultou um imenso caleidoscópio de fotografias: algumas ficaram realmente boas, outras tremidas e mal feitas. Mas para mim, registrar era o que importava. E minha amiga Andrea Costa, uma entusiasta da fotografia, ficará indignada com a minha total indiferença as regras básicas da fotografia.

PREPARANDO AS MALAS


A parte mais gostosa da viagem é preparar as malas. Nesta hora é bom ter um pouco de atenção para não esquecer nada. Por exemplo, nas duas vezes que eu fui para a Europa, nunca encontrei um super-mercado do estilo Big, Wall Mart, Pão de Açucar, Mercadora, etc. onde você tem tudo na mão. Então, por exemplo, se você esquece uma escova de cabelo ou uma escova de dente, onde você vai achar?

Então, na hora de começar a arrumar as malas, coloque tudo na cama, e começe a montar....
Agora que eu aprendi alguns truques na primeira viagem tudo ficou mais fácil. Por exemplo, consegui comprar sacolas e organizadores que se abrem, no estilo daquelas sapateiras que você pendura sabe? É muito melhor do que você colocar tudo numa necessaire, e quando precisa de algo, tem que tirar tudo da bolsa, e colocar tudo de novo. Esse tipo de coisa você compra na internet, é baratinho e faz diferença.
Organizadores de meias e cuecas (ou calçinhas, dependendo do que você usa né) também são muito bem vindos.





Fazer a mala é uma arte. Eu sempre fui desorganizado. Por exemplo: eu descobri que se você coloca as calças no fundo com as pernas para fora da mala, depois coloca as camisas e camisetas, e dobra a calça por cima de tudo, faz bem menos volume do que você levar as calças dobradas...



Não se esqueça de colocar um cadeado, e uma fita colorida para identificar sua mala na esteira do aeroporto, pois você sabe né, são todas muito parecidas, principalmente se a sua mala é da cor preta...


Depois de fazer as malas, faça a sua bagagem de mão, levando uma mochila com os seus apetrechos como carteira, óculos, etc.
*Não se esqueça de levar o voucher dos hotéis, o passaporte, cartões de crédito e dinheiro.

E por fim, faça um check-list de tudo que você vai levar. A Ana Luisa me passou um check list do pai dela com uma lista gigante que ia desde roupas, óculos de sol, remédios, etc, até equipamentos de mergulho.



 Eu preferi organizar meu check list por grupos:

·         Roupas: meias calças camisas.
·         Equipamentos eletrônicos: (Nikon, Fuji, Tablet)
·         Aleatórios: óculos de sol, dossiê, cantil, tripé, etc

Ficou assim:





Eu aconselho você a organizar suas malas alguns dias antes da viagem, já deixando tudo lá, sem mexer. É muito mais fácil de esquecer de alguma coisa quando você faz a mala no dia anterior.



COMO LEVAR O  DINHEIRO...

            Além do seu passaporte, que você deve cuidar. A coisa mais importante que você deve estar carregando é o dinheiro. Então eu vou dar umas dicas que funcionou comigo.
Quando você vai para a Europa, nos países que assinaram o Tratado Schengen, não se cobra visto. Em compensação, na imigração pode ser que te perguntem quanto dinheiro você está levando. Em média, espera-se que o turista esteja carregando consigo o suficiente para a sua viagem, o que dá em torno de 70 a 90 euros por dia. Mas como você vai saber se está gastando tudo isso na viagem. Lá no meio da bagunça e correria, pode ser que você perca a noção de que você esta gastando bastante.
        Uma forma que eu encontrei foi organiza um sistema próprio. Eu organizei a quantidade certa de dinheiro em cada envelope que corresponderia a um dia da viagem: assim se eu tinha 15 dias de viagem, teria 15 envelopes, etc. Além dos envelopes de cada dia, eu tinha um envelope escrito “Reserva”, que estava com uma quantidade de dinheiro para uma “emergência”. Cada vez que eu gastava menos do que o que eu havia previsto, o excedente ia para este pacote de “reserva”. Assim, eu sabia exatamente o quanto estava me sobrando e podia fazer os planos para gastar isso num passeio, num restaurante ou numa compra.






      Além do dinheiro em espécie, é sempre bom levar o cartão de crédito ou aqueles cartões feitos exatamente para viagens como o Visa Money Travel e similares. No meu caso, não precisei usar cartão em momento algum, mas é uma segurança a mais.




     Nas suas andanças, uma dica seria não usar carteira. Eu coloquei o meu dinheiro numa moedeira bem sem graça, mas eu sabia que meu dinheiro estava lá. Carteiras vistosas no bolso de trás da calça podem chamar muito a atenção.
    Outra dica legal é comprar aqueles money bags que vendem nas casas de câmbio. Coloca embaixo da roupa e esta sussegado. Não aparece.

            Preparando o espírito e o corpo para a viagem...

Os dias que antecem a viagem são os mais difíceis. A sua ansiedade vai à mil. Não é incomum que você começa a sonhar que já está la, que você estava em certo lugar, etc. Vocè fica pensando nisso o tempo todo. Você não para de falar da viagem.
Uma coisa gostosa que eu acho é, naqueles últimos momentos você ir comprar aquela roupa com que você vai viajar, fazer a barba, o cabelo, etc...já vai dando o gostinho que a viagem vai chegando.....


Então minha viagem era para setembro. Em Curitiba, começou a vir o friozinho...veio as férias escolares. Eu sabia que logo, logo chegaria o “grande dia”.








 E essa viagem teria ainda um gostinho especial. Setembro é o mês do meu aniversário. Quando eu acertei o pacote, a agente de turismo me perguntou: “mas não é chato ir viajar sozinho?” e eu respondi que com certeza não: eu disse algo assim: “no meu aniversário eu estaria sentado num bom restaurante, tomando meu vinho, saboreando a deliciosa comida italiana e depois eu sairia para caminhar pelas ruas, e pararia numa esquina qualquer e me tomaria um gelato italiano sentado numa praçinha” – para mim, foi simplesmente o melhor aniversário da minha vida, e não tem coisa melhor do que quando “você se dá” um presente, não é mesmo?

Mas se o espírito já estava lá há muito tempo. Na minha imaginação, eu já sonhava com a viagem muito antes (durante dois anos, é verdade), o corpo também foi se preparando.
Duas semanas antes de embarcar eu já pegava bem leve nos meus treinos de muay thai, pois sabia que na Itália eu iria precisar andar muito, e não queria correr o risco de ter um estiramento ou algo pior, por causa de um mau jeito.
E também, já se tornou uma tradição: várias semanas antes da viagem eu paro de fazer a barba...simplesmente para ter o gostinho de, na véspera, ir no barbeiro e fazer a barba no estilo old school, ou seja, na navalha (é que os barbeiros antigos conseguem fazer a sua barba de um jeito que parece que fica uma semana do mesmo jeito)






Perto de casa, tem uma barbearia dessas antigas, que o barbeiro coloca a toalha na sua cara, etc....isso é tão legal!!




ANSIEDADE


Nos dias que antecederam a viagem, minha ansiedade foi aumentando...Eu ia marcando os dias no calendário...Faltam 3 semanas, 2 semanas, 5 dias, 4,3, 2.........




E sabe, a noite que antecede a viagem, é a mais longa de todas..você mal consegue dormir....a ansiedade é tanta que seu coração fica batendo forte...a madrugada vai chegando...até que você pega no sono, quando você acordar, vai ser o dia..que você tanto esperou..


EMBARCANDO

Não tem coisa melhor do que ir para o aeroporto, fazer o check-in e ficar naquela expectativa da viagem. Primeiro uma conexão doméstica até São Paulo-Guarulhos, depois novo check-in e enfim, a viagem em si.




A viagem em si é bem desgastante. Classe econômica é foda, é pior do que busão. Os pés doem, a bexiga aperta. O ar condicionado nunca está legal. A comidinha é a hora que você mais se mata....


















A viagem de ida até que foi tranquila, embora eu estava um pouco desconfortável com o meu sapato. Mas na volta eu peguei um bando de velhinhas hiperativas que não paravam quietas um segundo. E para piorar eu sentei do lado da guia, que toda hora tinha que pedir licença (eu estava do lado do corredor) para ver se fulano tomou o seu remédio ou ciclano está bem, um saco.


Mas não tem imagem mais bonita do que quando amanhece e você está lá dentro do avião, e vê as núvens, o céu limpinho.Desta vez, eu acordei exatamente na hora que o avião estava chegando na Europa (dava para ver pelo GPS no monitor).




Primeira parada: conexão em Madri. Uma correria. Em menos de 15 minutos eu tinha que sair do avião, pegar uma esteira, descer escadas rolantes, corredores, para chegar até a imigraçao, passar e pegar o próximo vôo. E o aeroporto de Madri é gigante. Você vai vendo umas placas assim: “Você está à 10 minutos do portão J”, etc. E vai batendo o desespero porque eu só tinha 15 minutos..



  






Uffa. mas no fim deu tudo certo...













Finalmente eu estava indo para o aeroporto de Milão, Malpensa:




     Em Madrid eu peguei o meu visto de entrada na União Européia. Lembro-me que da primeira vez que eu viajei, eu estava cabeludo e com piercings. Resultado: me pararam na França, quando eu já tinha carimbado meu visto em Portugal e me levaram para uma salinha no aeroporto de Orly, bem no estilo interrogatório. Foi foda me virar no francês logo na chegada....
Desta vez eu fiz o contrário: comprei um terno, gravata, sapato..e fui assim, engravatado mesmo. Você não tem idéia da diferença que é no tratamento....!!! Na imigração nem me perguntaram nada, só pegaram o meu passaporte e carimbaram..  Então, não sei se é coincidência, mas talvez uma dica seria na entrada, quando eles são mais rigorosos, não ir tão mulambento....(chinelo e bermuda)

CHEGANDO NA ITÁLIA!!!!

Uma das coisas mais emocionantes foi ver a Itália de cima do avião. A Espanha é estranha lá de cima. Ela é toda marrom...Já a Itália é verdinha...!!!




E foi emocionante chegar na Itália. Em cima do avião havia uma câmera, e dava para ver a imagem do avião entre as nuvens, chegando....foi muito lindo!!!



Tá certo que quando você chega em Malpensa em Milão, apesar da placa de boas vindas, você quase não tem transição...o ambiente de aeroporto (até o cheiro, aqueles avisos no alto falante, as lojas free-shops) fazem tudo parecer meio homogeneizado...




A primeira (e talvez mais importante) palavra que você aprende em italiano é onde está a SAÍDA....em italiano, é  USCITA:



Em Malpensa eu optei por utilizar o serviço Malpensa Shuttle, que te leva de ônibos até o lado da estação Milano Centrale. Custa 10¢






Mas foi só sair do aeroporto para pegar o ônibus, e me deparar com a rua cheia de carros, que você logo já vê a diferença: o trânsito, meu deus, o que é aquilo??? Businas, confusão...e você simplesmente sente que chegou na Itália...


















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PRÓXIMOS POSTS:


Ah...a Itália...!!!! que país lindo!! que viagem!!!



Agora que eu voltei....vou começar uma espécie de "viagem dentro da viagem" e relatar numa série de posts, tudo que eu vivi na Itália:






1 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo post

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