sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Uma área verde em Milão: o Parco Sempione











 




Quando chegamos em Milão vemos uma cidade bastante moderna, coisa de primeiro mundo e nos impressiona esse certo ar de organização que contrasta com a imagem bagunçada que temos da Itália. Milão é calma, tranquila, gostosa de andar, seria um lugar que eu gostaria de viver. Porém, Milão também é conhecido como uma cidade cara, com custo de vida alto, marcado principalmente por aquela coisa da “capital da moda”. Sim, em Milão você vai ver lojas caríssimas, vitrines deslubrantes, gente bonita na rua que mais parece saída da capa da revista Vogue, barzinhos de gente descolada e hipster frequentado por craques de futebol e celebridades da televisão italiana, restaurantes caríssimos como o Bouecc (um dos mais caros do mundo), carrões esportivos estacionados na calçada que deixariam Tony Stark  no chinelo, e elegantes hiates no parque Idroscalo, nos arredores de Milão. Ou seja, todo aquele glamour e ostentação existe em Milão.


Mas eu escrevi este post porque percebi, já nos primeiros momentos em Milão, que por trás daquela Milão elitista do Quadrilatero da Moda ou artificial da Galleria Vittorio Emanuele, existe uma Milão muito mais descontraída e relaxada, aquela Milão do dia a dia, de pessoas comuns, que nem sempre vivem de caviar e champagne. Milão é sim, uma das cidades mais caras da Europa, mas tem opções para quem não quer, ou não pode, gastar seus preciosos centavos de euro com bobajada e superficialidade.
E eu elejo  em Milão 4 lugares em Milão onde você pode muito bem se divertir, passear, etc sem gastar muito: i) tomar uma cervejinha no boemio bairro de Brera é hours concours da lista, pois lá você pode tomar um drink ficar sentado, você vai se sentir em casa, você que frequentou qualquer bar perto de uma universidade, vai ver que é o mesmo clima; ii) de noitezinha, quando começa a escurecer, a região perto da Colonne di San Lorenzo fica lotada de jovens e isso é muito legal, pois são espaços espontâneos, onde aparentemente não há nada (não se espera que os jovens vão rezar na basilica di San Lorenzo, por exemplo), que viram pontos de encontro; a região do Naglivi, conhecida pelos seus canais que são margeados por restaurantes, sebos, barzinhos etc, é um lugar preferido dos milaneses para o happy hour, você pode ficar andando pelas margens do Grande Navigli, indo de uma ponta a outra da Rippa di Porta Ticinese, saindo de um barzinho pra outro, e isso é muito legal; e por fim, uma relaxada, a qualquer hora do dia, ou principalmente no finalzinho da tarde, nas gramas do Parco Sempione olhando o Castelo Sforzesco ao fundo.  Viu, se você achava que Milão não tinha nada pra fazer, tem coisa suficiente para encher seu roteiro em pelo menos dois dias ou mais.



E o impressionante do Parco Sempione é que, todos sabem, é uma imensa área verde, plantada exatamente a umas poucas quadras do coração de Milão, a Piazza del Duomo. Então é muito bacana que, se você está lá na correria da cidade, naquele trânsito, no vai e vem frenético do centro, você simplesmente pode colocar seu paletó no ombro, arregaçar as mangas, e ir fazer uma campinhada pela rua Dante até chegar no Parco Sempione, que começa exatamente atrás do Castelo Sforzesco. E em Milão, não há muitos espaços verdes, praças, parques, jardins, etc. É tudo rua, calçada, mármore, estátura, até árvore na rua, não tem muito não....tudo que se vê em Milão são blocos de concreto. Então, parece que quando você está no Parco Sempione, o ritmo muda. Você fica mais tranquilo, relaxado, tem uma sombrinha gostosa, tem o céu azul, tem o barulho da água, os passarinhos...bem aquela tranquilidade que vai te tomando aos poucos.


















E a grama do Parco Sempione é verdinha, perfeita para você se esparramar ou fazer aquele “picknick” de praça....







É claro que naqueles dias de verãozão, todo mundo se dirige para lá, e o Parco Sempione fica cheio, de jovens, casais, famílias, grupinhos de amigos, etc. Aquele gramado fica repleto de gente, uma muvuca só.

E cheguei lá numa terça feira, quase de noite, então estava tranquilo, estava um clima gostoso...mas não muito cheio:



E eu me lembro bem. Foi ali, chegando no Parco Sempione que eu parei numa barraquinha de rua mesmo e  eu comprei  meu primeiro gelato na Itália (verdade seja dita que não foi o melhor gelato não, mas naquela hora eu nem sabia disso):




Bem no começo da área verde, está plantada o Castelo Sforzesco, com sua alta silhueta. Era ali que viviam os poderosos Sforza.  Mas quando eu cheguei em Milão, aquela parte da frente do Castelo, muito bonita na minha opinião, estava em reforma, com um imenso painel modernoso na frente:












Esse castelo é enorme, imenso, muito mais do que eu imaginava. Pela foto não parece que ele é tão grande, não:

Essas torres que tem nos cantos, são gigantescas:




E quando você vai indo pelo lado do castelo, dá pra se ter uma dimensão do lugar...tem um fosse enorme, bem naqueles que a gente vê em filme, sabe, com ponte levadiça, só que não tem mais água no fosso:





Tem uma parte que dá pra ver certinho a ponte levadiça, com as correntes que erguiam e tudo o mais:







Lá dentro do Castelo Sforzesco você encontra uma imensa galeria de arte, principalmente da época em que os Sforza eram os grandes senhores de Milão e mecenas dos artistas do Renascimento. Você vai encontrar lá a famosa Pietá Rondanini, a última e inacabada obra de Michelângelo.



Mas eu passei rapidinho por lá, já estava escurecendo e a parte da visitação pública já estava fechada..já era mais de 19:00 horas quando eu saí do Parco Sempione, voltando para a parte da frente, onde está a fachada do castelo:




No centro do parque você vai encontrar o Arco alla Pace, construido por Luiggi Cagnola e inspirado no Arco de Sétimo Severo que encontra-se no Foro Romano em Roma.






Ali também você vai achar a imensa Torre Branca, um dos pontos mais altos de Milão, ao lado da Maddonina di Perigo e da Torre Velasca:





















Tem uma parte lá no meio, que tem uma espécie de arquibancada, rola uma galera lá fazendo uns barulhos:



E bem lá no fundo, quase no Arco alla Place tinha umas quadras, o pessoal jogando basquete. Mas eu achei eles já muito enturmados para eu querer chegar muito próximo sem conhecer ninguém:



E dentro do Parco Sempione você também vai encontrar a Arena Cívica, um imenso estádio olímpico que também é o lugar preferido dos espetáculos de grande porte na cidade. Quando Buffalo Bill viajou com o seu show Wild West com seus índios pele-vermelha e tudo mais, foi ali que ele se apresentou.



Mas acho que a parte mais bonita é quando você atravessa uma ponte e dá a volta:









Aí você fica do outro lado do lago, contemplando a grama verde com o Castelo Sforzesco ao fundo:





O legal é que esse espaço é utilizado para eventos na cidade: no verão eles montam uma quadra de areia e tem torneio de volei; no inverno são realizadas competiçoes de esqui..., e também o local é utilizado quando acontece o Festival de Cinema em Milão, é montado um grande telão no gramado, com cadeiras dobráveis, e todo mundo fica ligado na telona...até certas promoções do Milano Fashion Week são realizadas por lá.

Ou seja, acho que o Parco Sempione é um espaço mais democrático do que outros em Milão. Ele é exatamente feito para todo mundo. Ele tem um clima bem diferente de certas áreas chics da cidade, onde parece que você não é bem vindo, se não fizer parte daquele grupelho. É um lugar despretensioso.

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