quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O "verdadeiro" Fettuccine Alfredo...


   Nada de creme de leite, presunto, cogumelos e outras heresias...no Fettuccine AlFredo original (ou Fettuccine al Alfredo) vai apenas manteiga e queijo parmesão...



    Mas por quê será que um dos molhos mais conhecidos (e copiados) mundo afora, quase nunca é apresentado na sua simplicidade original?( Pois a simplicidade e o minimalismo da receita tem muito haver com a sua origem)

    A cada nova execução, um chef resolve “modernizar” a receita, colocando um novo (e desnecessário) ingrediente...quando na verdade o que faz a mágica do Fettuccine Alfredo é a sua simplicidade mesmo.





    Há também aqueles que se vendem, mundo afora como aqueles que reproduzem a receita tradicional do Fettuccine Alfredo (aqui mesmo em Curitiba há um Alfredo´s Gallery que nos promete o tradicional fettuccine com a massa diretamente importado da Itália), mas que sequer usam o mesmo parmesão que é usado na Itália...vai saber? Na dúvida, prefiro pensar que Fettucine Alfredo mesmo tem que ser em Roma...pois a sua história é muito forte por lá....


Anacreon de Téos / A embalagem da massa original, a ser brevemente comercializada por aqui.
Alfredo na caixinha??? 

   Os puristas dizem que o Fettuccine Alfredo sequer é um prato tradicional da Itália (um amigo meu ficaria ofendido se eu falasse que provei a culinária típica italiana, incluindo-o em minha lista)...Muito italiano foi criado sem sequer colocar na boca uma vez o célebre fettuccine Alfredo...Por lá, muita gente considera que o Fettuccine Alfredo nada mais é do que um prato criado para agradar turistas americanos!!!! E, com certeza, não é difícil encontrar restaurantes em Roma nas áreas mais centrais oferecendo o tal fetttuccine...nos pontos mais turísticos (lá, eles não vão ficar ofendidos se você come só o macarrazão, que na verdade é só uma parte de uma refeição completa à italiana com seu antepasti, primo, secondo, etc.). 



    Mas não entrando no mérito de o prato ter se tornado “turístico demais” (lembro-me de uma placa num restaurante do bairro mais purista de Roma, Trastevere, escrito “We are against WAR and TOURIST MENU)...Agora, vamos falar um pouco da origem da sua história, que está ligado a lugares muito específicos de Roma, já faz parte dela...

A ORIGEM DO FETTUCCINE ALFREDO: ALFREDO DI LELIO E UMA CERTA PANELA COM MANTEIGA E PARMESÃO...

A história da origem do Fettuccine Alfredo é bastante prosaica, como costuma ser a maioria das histórias de origem.  Ela começou com um evento banal, mas repleto de carga emocional e significado. 


   Um dia no ano de 1908, Alfredo Di Lelio,  pega uma panela e põe-se a inventar um molho, com manteiga e queijo parmesão...Era porque sua esposa, Inês, há muito tempo não comia...ela havia desenvolvido uma anorexia nervosa depois do nascimento de seu filho. 

    Neste dia, Alfredo di Lelio prepara um delicioso molho, e lhe serve ali mesmo, na beira da cama, servindo o fettuccine só com um molho feito com queijo parmesão e manteiga...Hum...estava delicioso.. um prato simples e...simplesmente divino!

     E conta a lenda que depois disso, a sua esposa Inês voltou a comer, sendo curada de sua enfermidade... Essa história se reproduziu pelos tempos, sendo contada de pais para filhos e até hoje é transmitida da mesma forma pelos netos de Alfredo di Lelio...o inventor do Fettuccine Alfredo....

    Foi na sua casa, numa cozinha estreita, e servido na panela mesmo, que Alfredo criou um dos molhos mais célebres do mundo. Na verdade, muita gente diz que ele já conhecia a receita, e que inspirou-se no Fettuccine al Burro... e que o Fettuccine Alfredo não é nada mais que um Fettuccine al triplo Burro, ou seja, um Fettuccine que vai três vezes mais queijo parmesão...

   E o parmesão é a alma do molho...Mas não é qualquer parmesão não meu amigo...Não é o “queijo ralado” que a gente compra no supermercado para misturar com o “macarrãozão de domingo”. Um prato com pedigree Alfredo vai queijo do tipo Parmeggiano Reggiano...
    Trata-se de um queijo do tamanho de um bolo de noiva, super tradicional na Itália, e que é produzido com todos aqueles requintes de detalhes e minúcias que fazem diferença no produto final de qualidade indescritível...


Pois é esse queijo especial Parmeggiano Reggiano (que é um produto de "origem controlada", portanto, que só pode ser feito  na Itália) que dá ao fettuccine de Alfredo um gosto especial....





     Alfredo di Lelio gostou tanto da sua invenção que resolveu incluir o prato num restaurantezinho dirigido por sua mãe Angelina que funcionava na Piazza Rosa (onde hoje funciona a Galleria Collona), que não existe mais...



   Seja como for, no início, o Fettuccine Alfredo era servido ali mesmo, na panela, assim como fora preparado na sua primeira vez... O prato de Alfredo já se tornava conhecido, mas precisava de um “algo a mais” para que ele realmente despontasse para o mundo...esse dia aconteceu com uma visita inusitada...

“UMA NOITE QUE MUDOU SUA VIDA”: A VISITA DE MARY PICKFORD E DOUGLAS FAIRBANKS

   Em 1914, Alfredo di Lelio deixa seu antigo estabelecimento na Piazza Rosa e abre um belíssimo restaurante na região turística de Roma, próximo da Piazza Navona, na Via della Scrofa.
  Esse restaurante foi batizado de Alfredo alla Scrofa, naturalmente.
Foi neste endereço, na Via della Scrofa, que o destino bateu a sua porta, e mudou sua vida, numa noite inesperada...

     Certa noite em 1927, o casal de atores e estrelas de Hollywood Mary Pickford e Douglas Fairbanks, que estavam em Roma,  resolveram jantar no restaurante de Alfredo situado na Via della Scrofa. 






     Eles passaram uma noite maravilhosa regada de muito vinho e comilança, sendo recepcionados pelo próprio Alfredo, que os adulou a noite toda... É claro, eles ficaram encantados pelo restaurante de Alfredo di Lelio (que era uma figuraça), e pelo clima gostoso do lugar. O prato que eles mais gostaram, naturalmente, foi o fettuccine inventado pelo restauranteur.



     Até hoje é possível ver no cardápio do Alfredo alla Scrofa o “jantar clássico” de Douglas Fairbanks e Mary Pickford, e inclusive você pode fazer o mesmo jantar passo-à-passo, se tiver grana para bancar (o cardápio é bastante extenso e inclui todas as etapas de uma refeição italiana e mais vinhos, licores e sobremesas extras. Por minha vez, eu provei uma versão simplificada, pedindo alguns dos pratos que foram pedidos naquela noite)

UMA COLHER DE OURO, UMA TRADIÇÃO DE ALFREDO

    Assim, em gratidão àquela noite, Mary Pickford e Douglas Fairbanks presentearam Alfredo di Lellio com  talheres de ouro com seus nomes gravados...


    Iniciava-se assim uma tradição. Desde então, sempre quando uma pessoa vai no Alfredo alla Scrofa e pede um fettuccine Alfredo (e é óbvio que a pessoa vai pedir, né?), na hora que o prato chega à mesa, o garçom vem com um aparador móvel, com o macarrãozão no recipiente, e mistura tudo, na sua frente. Detalhe: ele usa sempre uma colher de ouro, já é uma tradição do restaurante...




ALFREDO O IMPERADOR DO FETTUCCINE

    A notoriedade conquistada com a visita de Douglas Fairbanks e Mary Pickford fez com que o restaurante de Alfredo fosse muito visitado por turistas americanos. Afinal, todo turista norte-americano que ia para a Itália queria conhecer o tal restaurantezinho que o casal de Hollywood visitou na Itália. Pronto, logo logo, vários locais copiaram a receita de Alfredo, e o tal molho ficou mais conhecido que pastel de esquina...em todo lugar, placas chamativas convidavam os turistas à adentrarem e conhecerem o legendário molho de Alfredo. 

   O turista, que é burro por excelência, acaba adentrando nestes restaurantes, sem conhecer a origem do prato que tanto ouviam falar, e pior...acabavam caindo na pegadinha do “pega-turista”, entrando em restaurantes de segunda mão, que oferecia o prato a preços mais convidativos (e que muitas vezes serviam o fettuccine como “prato principal”, quando na verdade ele é o primeiro prato). Isso quando eles não usavam de má fé substituindo a manteiga por creme de leite para engrossar, ou usavam queijos de qualidade inferior que imitavam o Parmeggiano Reggiano... (tá bom, aqui entre nós ,você pode até fazer isso em casa, no macarraozão de domingo - mas estamos falando de um contexto em que meter a mão numa "receita tradicional" é coisas séria por lá, não concorda?)

    Talvez seja por causa dessa febre predatória dos turistas que visitavam a Itália na época, que tem muita gente que tem um certo ranço contra o fettuccine Alfredo, desdenhando-o como uma simples “coisa de turista’...eu até entendo...

     Seja como for, Alfredo soube aproveitar muito bem a popularidade inesperada que aquela visita rendeu ao seu restaurante. Nos anos seguintes, cada vez mais se tornava popular, o restaurante recebia celebridade após celebridade, a lista é enorme, desde John Kennedy à Alfred Hitchcock. 


      As pessoas que iam lá, não poupavam elogios..Afinal, Alfredo parecia receber a todos muito bem, com uma felicidade característica, um sorrisão largo, fazendo uma verdadeira festa, um banquete dos deuses, à quem ia lá prestigiá-lo. Logo logo, Alfredo di Lellio foi apelidado de L´IMPERATORE DELLE FETTUCCINE...não é pra menos!!! Tudo ia de vento em polpa..




A II GUERRA MUNDIAL E O “RACHA” ENTRE OS RESTAURANTES: A DISPUTA DE UMA PATERNIDADE PRESTIGIOSA (ALFREDO ALLA SCROFA X IL VERO ALFREDO)

    Seja como for, em algum momento, nos anos próximos da II Guerra Mundial, Alfredo entrou em dificuldades financeiras e teve que vender o restaurante, que foi tocado pelos próprios funcionários de Alfredo. Assim, o Alfredo ala Scrofa persistiu, naqueles anos difíceis.

     Porém, passado as dificuldades, Alfredo resolveu retomar a atividade, voltando ao ramo em 1950....Neste ano, Alfredo abriu outro restaurante, na Piazza Augusto Imperatore, chamado Il Vero Alfredo, onde voltaria a servir o célebre macarrão que o tornou famoso internacionalmente...
O problema é que agora, havia dois restaurantes. O Alfredo alla Scrofa e o Il Vero Alfredo. Desde então, os dois restaurantes vem se degladiando durante décadas para provar a verdadeira paternidade sobre o tal fettuccine Alfredo.
O Alfredo ala Scrofa defende o seu “peixe” dizendo que foi ali, no restaurante da Via della Scrofa que o casal Douglas Fairbanks e Mary Pickford fizeram o legendário jantar que tornou o fettuccine famoso internacionalmente. Ponto pra eles...!!!


     Mas os seus “rivais” não tardaram a contra-atacar. O restaurante Il Vero Alfredo, por outro lado, também vendia seu “peixe”, afirmando que o criador da receita havia vendido o restaurante da Via della Scrofa durante a II Guerra Mundial e que a partir daquele momento, o fettuccine não tinha mais nada haver com aquele lugar...de fato, ele migrara para a Piazza Augusto Imperatore, e o título criado pelo próprio Alfredo di Lelio “IL VERO ALFREDO” é mais do que uma coincidência testamentária, é um atestado de qualidade, como se o próprio Alfredo quisesse dizer que o verdadeiro fettuccine Alfredo agora estava ali. 

   De qualquer forma, o restaurante ainda é administrado pelos netos do imperador do fettuccine. Se você for lá, eles vão te xingar se você perguntar da “rival” e vão dizer que o único fettuccine Alfredo está lá, na sua simplicidade original..pois apenas no Il Vero Alfredo se preservou a receita original de Alfredo di Lelio, guardada a sete chaves por seus herdeiros legítimos..





    É um pareo duro hein. De um lado, um restaurante que reivindica que foi ali que tudo surgiu, toda a tradição, e reivindica para si a sua importância histórica, pois foi ali que aconteceu o célebre jantar que mudou a vida de Alfredo. De outro lado, o outro restaurante afirma que apenas ali é seguida a receita original orquestrada pelo imperador do fettuccine. O pedegree do sobrenome Di Lelio dá ao lugar um ar de autoridade....


   Mas a disputa ainda vai durar muitos anos, muito sangue vai jorrar das gargantas...pelo império do fettuccine!

UMA NOITE ESPECIAL: MEU ANIVERSÁRIO NO ALFREDO ALLA SCROFA

    Já estava tudo planejado. Quando eu estava prestes à embarcar para a Itália, a garota da agência de turismo me perguntou, intrigada: “Mas não é ruim passar o seu aniversário sozinho?” e eu olhei, quase como se a pergunta não fizesse sentido (para mim não fazia) e respondi sinceramente: “Não, neste dia (do meu aniversário) provavelmente vou sentar num belo restaurante, vou comer uma comida deliciosa regada a muito vinho, e depois vou sair andando pelas ruas e sentar numa esquina qualquer e tomar um delicioso gelato”.  Para mim, isso sim fazia sentido...
    E o restaurante que eu escolhi para ir no dia do meu aniversário, foi o Alfredo ala Scrofa. Já naquele dia à tarde, eu tinha recebido uma bela de uma chuvarada de tarde, perto das 17 horas, quando visitei o Palatino. Cheguei pingando ao hotel..

    Mas à noite, tudo estava perfeito. O céu límpido, estrelado, o barulho alegre das pessoas na rua...Desci na Piazza Barberini e fui percorrendo o centro inteiro a pé (eu já havia aprendido aquele caminho). Praticamente não prestei atenção quando passei pela Fontana de Trevi, lotada de gente. Jogando suas moedinhas e tudo mais...Não, eu estava me dirigindo à Piazza Navonna..não menos cheia e turbulenta, também muito acolhedora à noite. Mas eu estava mais interessado em outro lugar...dobrei à direita, e fui seguindo por uma ruazinha escura...Logo logo estava na legendária Via della Scrofa...


   O restaurantezinho de Alfredo, Alfredo alla Scrofa é pequenininho...Olhando de fora, ele não tem nenhum atrativo...E só mais um restaurantezinho, daqueles que se espalham aos montes pelo centro de Roma...







    Quando você adentra, parece haver um excesso de cordialidade. Eles é claro, sabem que você é turista e que provalmente já conhece a história de Alfredo, então se esforçam para apresentar o local, parece até meio fake..Porém, pode ser que seja apenas uma impressão inicial...




     Você vai sentando, olhando aquele lugar, cheio de fotografias...as fotos de Alfredo por todo canto, recebendo seus “ilustres convidados” como deve ser, uma sala forrada de fotografias. 









   O ambiente é simples e acolhedor...com aquela movimentação bem característica dos restaurantes italianos...



    Mas, talvez o lado meio superficial que eu falei acima devém do fato de que não parece um “restaurante italiano”, sabe? É totalmente diferente do clima que eu encontrei na Pizzeria Da Baffeto, por exemplo, com gente falando alto, o pizzaiolo falando com voz rouca à la Don Corleone, e vinho servido na jarrinha..e toda aquela informalidade “típica” (ou nem tanto) de um restaurante italiano. Lá, no Alfredo alla Scrofa, eles parecem “formais demais”, mas é uma formalidade meio desengonçada...Não é a mesma experiência de jantar num restaurante “chic” em Paris, é um formal meio atrapalhado, não sei dizer...




  De qualquer forma, descobri de bom grado, quando chegou o cardápio, que lá no Alfredo alla Scrofa eles haviam preservado a tradição. Ou seja, era possível, naquele lugar, provar o mesmo jantar, passo a passo, que o casal Douglas Fairbanks e Mary Pickford provou naquele restaurante, naquela noite legendária. Porém, um rápido olhar pelo cardápio que apresentava o “jantar clássico de Fairbanks-Pickford”, eu vi que tinha “coisas demais”. 
    Eu explico: primeiro porque ia doer no bolso. Fazer o mesmo jantar de um casal de estrelas de Hollywood não ia sair lá muito barato, além de toda a comilança “básica”, há nesse cardápio especial, uma série de quitutes, é licorzinho, é sobremesa, dai volta pro licor, e por ai vai...os caras comeram até se empanturrar....



   O que eu fiz? Provei o mesmo jantar que o casal Fairbanks-Pickford fez, mas eu me restringi aos  elementos básicos de um jantar tradicional italiano: antepasto, primo, secondo, divestivi...O mais básico possível, eu não estou acostumado, como o italiano a comer “dois pratos” na mesma refeição, se eu me empanturrar no macarraozão, já era...não vai mais nada (e eles podem ficar ofendidos se você não lambe os beiços e deixa o prato vazio, é uma gafe)...
    Então, que seja o jantar mais básico...

    O vinho é claro, é maravilhoso. Você pede um vinho da casa, mas a vantagem é que o vinho “nacional” ali é Italiano!!!  Então, vino rosso da casa...e começa a brincadeira!!



     O antepasto como sempre, é aquele esquema que eu já falei na Itália. Parece tudo muito muchocho e sem graça, uma saladinha, um tomatezinho, alguns folhinhas decorando, um azeite de oliva regando tudo por cima..ah, nem vai ser nada demais....(aí dois minutos depois, você está falando consigo mesmo, .”..que isso! É a melhor coisa que eu já provei no mundo, me dá mais!!!”)




   Vou pular e ir direto pro secondo (o segundo prato quente da noite), pois o primo é o motivo de eu escrever este post, ou seja, é o próprio fettuccine Alfredo.

    O segundo prato da noite, o secondo, era uma espécie de carne grelhada (eu prometo que na próxima viagem, não vou esquecer de anotar o cardápio, hehehe), com um molho bem forte...Ele tem uma cor parecido com molho madeira, mas o que dá pra sentir no molho é o gosto do vinagre escuro..é muito bom....






    MAS VAMOS FALAR DO FETTUCCINE....


   É engraçado, mas só num lugar como este que o prato de entrada é a grande estrela, e não o prato principal. A grande estrela do lugar é o fettuccine, que é servido como primo...Depois dele, qualquer coisa perde a graça, inclusive o “prato principal”, que supostamente seria o grande momento da noite...



   Isso porque logo depois que você começa a servir o vinho, e vai beliscando o antepasto...chega o “grande momento”...
E tudo é feito para que seja mesmo, um momento impactante...

    Não dá, eles fazem todo um teatrinho....O cara chega com um carrinho, com tudo já preparado, o fettuccine vem fumegando...E ele mistura tudo ali, na sua frente....aos olhos admiriados de todos os outros frequentadores..todo mundo pára para ver esse momento, é uma festa!




    Ali, ele mistura tudo na sua frente, com aquelas legendárias talheres de ouro (sim, é verdade, no Alfredo ala Scrofa preservou-se a tradição, quando o fettuccine chega, é tradição que tudo seja misturado na sua frente, usando talheres de ouro)...

     Hummm, prato feito, montado na sua frente, o aroma é irresistível. Não dá pra imaginar...é aquele cheiro de massa de macarrão “molhado”, que parece que saiu da panela fervendo..E depois, tudo vai se misturando com o cheiro da manteiga e do Parmeggiano Reggiano..Nossa, parece aquela cena de desenho animado que o aroma vai te puxando e você vai levitando, sabe???



    E o prato já montado é maravilhoso....Você pensa, finalmente vou provar o Fettuccine Alfredo, e lá, ao vivo, na Itália, em Roma, no restaurante do próprio Alfredo...(nada de restaurantes curitibanos que recebem a massa em caixas fechadas importadas da Itália)... HUmm, você começa a salivar, só de olhar...mal dá vontade de cair direto no prato, dá vontade de ficar olhando um pouco, vendo a massa fumegando, a fumacinha de vapor saindo do prato..e o queijo e a manteiga já misturadas, formando um molho que vai te conquistando vagarosamente...os sentidos!!



   Não tem como, o prato realmente é delicioso, digno da sua fama, faz jus totalmente ao que lhe é falado...E vale o que você passa, o esforço que você faz, para chegar lá.(e vale, principalmente, o que você paga, pois não é pouco) Era uma noite perfeita, meu aniversário, eu estava lá, no restaurante do Alfredo, saboreando o delicioso fettucina al Alfredo, quer mais???

    Eu saí satisfeito, agradecendo, agradecendo, nem liguei que eles já estavam acostumados a ouvir tudo aquilo, cada vez que servem o prato. Eu queria falar, como havia gostado...eles me retribuíram com um sorriso cortês..

   Depois, um cafezinho, um digestivi..e eu dispensei a sobremesa, já estava forrado. Eu iria andar pelas ruas numa noite quente em Roma, tudo estava perfeito...inesquecível.

MAS AFINAL, QUAL É O VERDADEIRO FETTICCINE ALFREDO?

   Enquanto eu ia embora, andando pela Via della Scrofa, eu fiquei imaginando. Será que o outro fettuccine, o do Il Vero Alfredo é diferente? Será que faz tanta diferença assim? Será que afinal...o outro lugar é que realmente oferece o “verdadeiro fettuccine Alfredo”? como eles gostam de afirmar?
   Eu não tinha cacife para fazer dois jantares assim, provando o mesmo prato em dois prestigiosos restaurantes, para dar o meu veredito..Eu tive que escolher um deles, ou era um ou era o outro, os dois não dava....Meu coração decidiu-se pelo restaurante da Via della Scrofa, e não me arrependo, talvez um dia eu possa conhecer o outro...

     Enquanto eu pensava nisso, subitamente caiu a ficha. Mas que diabos esses dois restaurantes se matam para sustentar o título de “verdadeiro”...o verdadeiro fettuccine Alfredo nunca esteve lá, em nenhum desses dois lugares. O verdadeiro fettuccine Alfredo, já se foi há muito tempo.... é aquele criado por Alfredo di Lelio em 1908, e que ele serviu numa panela de ferro, para a sua amada esposa Inés...




3 comentários:

flavia disse...

Hum,aprendi muito,por exemplo sempre achei que a receita original fosse com creme de leite,eu comi num restaurante ba Disney achando que era igualzinho ai de Roma,que heresia!.
Ps:amei seu espaço.

Maurício Ouyama disse...

Huhum,aqui em Curitiba há um Alfredo´s Gallery, mas a massa é importada diretamente da Itália em caixinhas... foi interessante visitar lugares históricos ligados a origem do fettucine Alfredo, como o restaurante da Via della Scroffa e o outro na Piazza Augusto Imperatore. Porém, até em Roma tem que ficar esperto com certos restaurantes que dizem oferecer o "verdadeiro",né? abçs

flavia disse...

E vero,hoje eu fiz uma salada caprese,fiquei com vontade desde que vi a foto nesse blog...a minha ficou perfeita,abraço,Flávia.

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