domingo, 31 de outubro de 2010

A primeira vez a gente nunca esquece







Você pode ver centenas daquelas placas de Bienvenue à Paris no caminho do aéroporto para o hotel..mas você sabe..como milhares de outras pessoas que estão, estiveram ou querem ir pra lá..que você realmente está em Paris..quando vê ela...a Torre Eiffel.

sábado, 30 de outubro de 2010

Passeios (2): Paris de barco (o Batobus)

"Paris e o Rio Sena."...tema eterno de pinturas, músicas, cartões-postais...imagens que sempre encharcam nossos olhos e aquece nossos corações...


E tem coisa melhor do que contemplar a Torre Eiffel dentro do Rio Sena?


A Cidade-Luz é cortada pelo Rio Sena, que é atravessado por 37 pontes ao longo do seu perímetro urbano...O rio é a mais calma (e larga) artéria da cidade..E escapa um pouco daquele fluxo e correria do cotidiano..às margens do Rio Sena tudo é mais calmo, mais suave..

Paris - La Torre Eiffel y el  rio Sena - PINTURA DE  ERNEST DESCALS

Veja o site http://cuadrosernestdescals.blogspot.com/
















Na minha opinião, o Rio Sena fica especialmente bonito no cair da tarde..e já de noite...as cores...tem um tom  que eu nunca tinha visto aqui....



Passeios (1): Paris de Bicicleta (o Velib)

Ah..andar de bicicleta parece estar na veia do povo francês.........quando você faz um curso qualquer de língua francesa é comum você utilizar a frase j´aime le velo..(eu gosto de andar de bicicleta) quando na verdade..certamente, se você não é ciclista ou natureba (eu sempre fui um adepto do carrinho de rolimã..na minha infância..a bicicleta era coisa de capitalista..)..dificilmente falaria esta frase sem ser coagido..
Mas os franceses parecem realmente adorar (j´aime)..uma bicicletoza..e particulamente as francesinhas ficam muito charmosas nelas..



E Paris fica especialmente bonita à noite..então que tal um passeio a noitezinha de bicicleta às margens do Canal St. Martin?

Andando de bicicleta por Paris...quem não vai se lembrar da nostalgia de "As Bicicletas de Bellevile"?



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Moda (2): o "triangle d´Or" (Champs Elysées, George V e Avenue Montaigne)






O triangle d´Or (triângulo de Ouro) é um dos endereços mais chiquetozos de Paris..ele é formado pelas Avenidas Champs Elysées, George V e Montaigne..que confluem na Place Flanklin Roosevelt ....na hierarquia dos endereços de Paris, o trianglé d´Or representa aquilo que Paris tem de melhor, de mais caro e mais seletivo..ele é literalmente onde a moda acontece...


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Moda (1): Pilosidade

(eu seguindo uma mulher de vestidinho vermelho no Boulevard du Temple às 8 horas da manhâ - com uma pergunta na mente que não quer calar: ah os pêlos!!!)




Aux Morts: Père Lachaise (2)

No post anterior eu escrevi um pouco sobre as minhas impressões de Père Lachaise..agora vou falar um pouco de seus "ilustres inquilinos".. pois Père Lachaise é uma espécie de "Ilha de Caras" ou "Beverly Hills" da "Terra dos Pés Juntos.."

Aux Morts: Père Lachaise (1)





Memento Mori é uma expressão latina que quer dizer algo do tipo.."lembre-se que você morre, que você é mortal..que você vai morrer". É..um dia isso acontece na vida de todo mundo.hhehe ,.mas em Paris...até isso é pretexto para você fazer uma visitinha em um dos lugares mais interessantes desta cidade.....é o cemitério de Pére Lachaise...

domingo, 24 de outubro de 2010

Uma visita aos hospitais franceses





Visita aos Hospitais franceses

         Nesta viagem eu tive uma experiência muito pessoal: visitei 3 dos grandes hospitais franceses  Bicêtre, Salpetrière e Charenton. Para dizer a verdade, todo o sonho de conhecer Paris nasceu do meu interesse em visitar estes três hospitais "um dia"... (você sabe né, começa assim, "um dia vou fazer isso", "um dia vou pra tal lugar", etc)


      Esta visita está relacionada a um antigo interesse: entre 1999 e 2006 eu fiz uma pesquisa sobre um hospício em Curitiba – o Hospício Nossa Senhora da Luz.  Esta pesquisa resultou numa tese de doutorado chamado Uma Máquina de Curar: o Hospício Nossa Senhora da Luz e a formação da tecnologia asilar (Curitiba, final do século XIX início do XX).  Além de artigos, publicações e participações em livros, que talvez só interesse a quem é pesquisador. 







     Esta viagem, portanto, foi a oportunidade de conhecer um pouco os lugares históricos que povoaram minha imaginação durante a escritura de minha tese de doutorado. Tratava-se de hospitais onde Pinel, Esquirol e seus discípulos sistematizaram uma série de procedimentos chamados de Tratamento Moral, que vai dar origem a psiquiatria moderna.






HOTEL DIEU
Além dos três grandes hospícios que eu comentei: Bicêtre, Salpetriére e Charenton. Antes, eu fui dar uma passadinha no Hotel-Dieu de Paris. Trata-se do hospital mais antigo da França, criado ainda na Idade Média. Porém naquela época, o hospital ainda não era um espaço clínico, um espaço de observação – o próprio nome, Hotel Dieu já nos deixa claro isso, tratava-se de um espaço onde se ia não para curar, mas para morrer.











SALPETRIÊRE

Salpetriére foi o primeiro dos grandes hospitais franceses que eu visitei. Não porque ele seja o mais importante dos três, mas por causa da sua localização. È o mais fácil deles de ser localizado, ele se situa na região próxima do Jardin des Plantes, e dá pra chegar lá a pé se você estiver na região da Sorbonne.











Salpetriére é o segundo hospital onde Philippe Pinel tornou-se diretor. Durante a Revolução Francesa, Pinel assume o cargo de diretor chefe nos hospitais de Bicêtre e Salpetriére. O gesto de mandar desacorrentar os loucos foi considerado o gesto simbólico, fundador da psiquiatria moderna, o gesto que marcava o momento em que os loucos não eram mais tratados como animais ou feras, mas sim como seres humanos.
Neste hospital, há um quadro muito famoso no saguão, de Tony Robert Fleury, mostrando as alienadas da Salpetriére sendo libertadadas por Pinel.



E bem na entrada, há uma estátua enorme, escrita “ Au docteur Philippe Pinel, bienfaiteur des alienes”








BICETRE
Bicêtre eu visitei num domingo à tarde, quando voltei de uma visita a Versalhes. Como era dia ainda, e costumava ficar com sol a pino até perto das 10 da noite naquela época (setembro), eu arrisquei pegar o metrô e ir até a estação Kremilin-Bicêtre. 




O hospital propriamente dito, fica a algumas quadras da estação, então foi fácil de achar.










Hoje em dia, Bicêtre é um hospital universitária, até parece um hospital comum. Mas este lugar tem um significado histórico, Foi lá que Pinel iniciou o seu gesto simbólico que é saudado por todo mundo como o gesto fundador da psiquiatria: a libertação dos alienados.

Sobre Bicêtre, eu gosto principalmente de lembrar da história de Theroigne de Méricourt, uma jovem belga que durante a Revoluçao Francesa liderou um grupo de revolucionária (a maioria dels vistos como desclassificados: prostitutas, vagabundos, etc) Esta jovem belga, da Ardenha, no entanto, bem em meio ao período revolucionário, teve uma reviravolta: foi diagnosticada como melancólica, passando a ser tratada por Pinel, e depois por Esquirol




Theroigne de Méricourt - personagem emblemático da Revolução Francesa, acabou seus dias assim, diagnosticada como "melancólica" e sendo tratada por Pinel e Esquirol

CHARENTON






O último hospital que eu visitei foi Charenton. Este foi o mais difícil de encontrar, porque ele fica numa região não tão próxima da estação de metrô e fica fora da região central de paris, já em Bercy. Hoje em dia, esse hospital é chamado de Esquriol. Até 1825 ele foi dirigido pelo mesmo, e depois disso, foi assumido por Royer-Collard, o médico que tratou do Marquês de Sade nesta insituição (se você viu o filme Contos Proibidos do Marques de Sade, se passa ali, neste hospital - e ..Ok, este não é o melhor filme para se recomendar para assistir sobre o assunto, recomendo As Loucuras do Rei George)



Bem, este foi um breve relato de uma visita que eu fiz, percorrendo os hospitais psiquiátricos franceses. Quem visita um hospício, nunca deixará de se lembrar, é uma experiência marcante. Desta experiência, ninguém sai ileso, sempre algo se transforma dentro da gente, algo se passou.




Museus (4): Musée de l´Erotisme



Paris tem centenas de museus..isso você já sabe..alguns são imensos e valiosos como o Louvre..outros são menores e guardam tesouros inestimáveis como o Musée Grévin, o Musée Carnavalet, o Musée des Arts et Métiers, o Musée Quai Branly ou o Bureau de la Poste... Mas de todos eles..há um museu que atrai amantes de um outro tipo de “arte”...é o Musée de l´Erotisme..



Museus (3): Musée de l´Assistance Publique et des Hopitaux de Paris



Uma das coisas legais que eu fiz em Paris é visitar coisas fora do círculo bonitinho de quem é o típico turista nesta cidade. Claro eu fui na Torre Eiffel, claro, eu fui no Louvre. Mas entre tantas opções eu tive tempo para conhecer lugares mais obscuros, como o Museu dedicado a história da medicina e da assistência pública na França: o Musée de l´Assistance Publique et des Hopitaux de Paris






   É para poucos..se você estivesse andando pelo Quai de Tournelle e encontrasse esse portaozão azul..você praticamente passaria despercebido..a não ser pela inscrição iluminista no alto da fachada..Eu já falei né..a coisa mais legal que eu acho é ver como eles relacionam a Medicina e a Filosofia das Luzes..

Mas atrás desse portãozão feio..num casarão desprovido de algum "glamour"...está mais uma daquelas jóias raras que encontramos em Paris...principalmente se você gostou da parte histórica que envolve o surgimento da medicina clínica e dos hospitais de Paris...
é um museu totalmente voltado para a História da Medicina, dos Hospitais e da Assistencia Pública em Paris...
pena que não é muito conhecido...
Esse museu foi inaugurado em 1926..utilizando as instalações do casarão de Myramon, do século XVII...
Mas logo depois você já vai encontrar museus dedicados a História médica em Lyon e Rouen.
Na origem, este museu tinha um sentido progressista...mostrar a evolução e o progresso material da arquitetura e da gestão hospitalar em Paris..ou seja, mostrar como em um passado próximo, Paris passara por uma intensa revolução rumo ao progresso e benefício humanitários..

Mas, na minha opinião, o que o museu tem de diferente é conseguir contar a História dos Hospitais de Paris desde a fundação do Hotel-Dieu até o século XX.





Eu me lembro que anos atrás eu visitei a Fundação Santos Lima..que preserva  a casa de um médico curitibano do início do século XX..era como visitar a casa de um médico ainda intacta, ver os livros espalhados na escrivaninha..um barato..Mas, ali no Musée de l Ássistance e super..você ver aqueles trambolhos..e imaginar como eram usados..é um mundo antigo que desapareceu..

No museu você vai encontrar uma extensa gama de artefatos, equipamentos, pinturas, gravuras, fotografias, artigos de farmácia e mobiliários, para contar a grande história dos hospitais públicos e como a atitude em relação a assistência vai mudando..É um acervo fascinante e perturbador





Aparte que eu gostei, foi a exposição sobre a Maternidade, como o belíssimo quadro



E também a Tour d´abandon.. aquele mecanismo da Caridade utilizado para abandonar ou "expor" (em Portugal e nas Colônias temos o equivalente da "Roda dos Expostos") as crianças recém-nascidas


Quando você olha aquele instrumentos, e se imagina no século XVIII...não deixa de ter uma sensação estranha...e soltar uma putan exclamação..."então era assim que eles tratavam os doentes antigamente'?
Mas não pense que é uma história feita por cavalheiros..rumo ao progresso e aperfeiçoamento da sociedade..Nesta história havia muito tapão na cara e dedo no olho...a fama e o poder que os médicos começavam a encontrar,...gerava uma espécie de competição..cada médico estava ávido a ter o seu nome associado a uma técnica ou um instrumento..gerando um sem fim de fraudes, trapaças, discussões em torno da paternidade..


Veja o dr. Péan...neste quadro avant l´ operation pintado por Henri Gervex em 1887.

num quadro realista onde se vê o dr. Péan com uma pinça na mão , gesticulando , explicando os procedimentos aos alunos antes de começar o procedimento, a mulher, deitada, cloroformizada, como os seios descobertos...como se ela constituísse ela mesma um territória a ser desbravado, pura massa inerte, impessoal, pronta para receber os retoques do bisturi do ilustre dr. Péan.

Quando eu vejo este quadro eu lembro de uma história do arranca rabo que o dr Pèan e o dr Koberlé tiveram em torno da "paternidade" de um instrumento cirúrgico  durante o 13 Congresso de Cirurgia em Paris...Ou seja, lá estava o dr. Koberlé faceirão explicando uma nova técnica de intervenção cirúrgica quando o dr. Pèan se insultou e disse que aquilo ele ja fazia de olhos fechados fazia décadas...que  o dr. Koberlé era uma fraude, trapaceiro....e ai o clima ficou pesado...
Ou seja, encontramos muitos "pais" e paternidades por ai, cujo nomes são associados a homens, ao desenvolvimento de terapeuticas, mas a história por trás nem sempre é tão imaculada, não é mesmo?


Seja como for, o Musée de l´Assistance Publique et des Hopitaux de Paris é um ótimo lugar para você aprender um pouco sobre esta interessantíssima história da medicina e dos hospitais da França, vale a pena visitar.